quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Não tenho escrito muito.
Que grande constatação, tão verdadeira e acertada.
As razões da minha ausência explicar-se-iam muito facilmente se se prendessem com falta de tempo. E, de certo modo, tenho alguma falta de tempo, mas não é este o factor predominante. Felizmente, sempre fui e continuo a ser uma pessoa com tempo, que não gosta de trabalhar e que tem a sorte de ser suficientemente esperta para despachar o trabalho o mais depressa possível, consumindo o menor tempo e energia possíveis. Não espero muito, não dou muito, e consequentemente não recebo muito, mas sou amplamente recompensada em tempo, o que para mim é o mais importante.
E porém. Não tenho escrito. Estive meses sem perceber exactamente porquê, mas agora já percebi. A minha vida encheu-se de coisas importantes, coisas que preenchem, fazem pensar e trazem muita felicidade, aquele tipo de felicidade que não se consegue transmitir ou explicar sem entrar em pormenores mais pessoais, o tipo de pormenores que queria aqui evitar.
De modo que tem sido difícil pensar em coisas interessantes para escrever. Normalmente, as coisas interessantes, ácidas, sardónicas, vêm com uma certa dose de negrume que, como diz o outro, não me assiste. A felicidade não tem piada porque não precisa de ter - é a felicidade, e por isso nada a ultrapassa. A felicidade pode ser pirosa, entediante para os outros, foleira, mas é imbatível. E traz também com ela uma certa satisfação, uma certa paz de espírito que, para mim, se tem revelado incompatível com a escrita.
Portanto, a não ser que passe a desfiar urbi et orbi os detalhezinhos da minha vidinha, os mesmos pormenores que me deixam tão feliz, coisa que não vou fazer, acho que vou continuar sem escrever. Embora queira voltar a escrever, assim que tiver algo de inteligente para dizer. Não tem acontecido.
Quando descobrir como aliar a felicidade, coisa que eu nunca pensei ser tão avassaladora, com uma escrita que me satisfaça, volto a escrever. Espero que aconteça rapidamente.
Uma outra hipótese é começar a encetar esforços para tornar a minha Rua num blog de moda. Por exemplo, neste momento tenho umas havaianas calçadas. Havaianas é fashion... certo?
Pois. Também não vai dar.

domingo, 18 de setembro de 2011

 We are are currently wealthy, fat, comfortable, and complacent. We have a built in allergy to unpleasant or disturbing information; our mass media reflect this. But unless we get up off our fat surpluses, and recognize that television, in the main, is being used to distract, delude, amuse, and insulate us, then television and those who finance it, those who look at it, and those who work at it, may see a totally different picture, too late. 

Tirei esta citação do excelente filme de George Clooney, Good Night and Good Luck, que revi na TV há uns minutos (a citação em si foi copy paste do IMDB). Aquilo que se diz da televisão aplica-se, penso eu, aos meios de comunicação social em geral (rima, que cacofónico) - distrair, iludir, divertir e isolar. "Informar", pouco, e infelizmente mal. Sempre esta sensação de que estou a perder, como cantava Variações. 
O mundo existe, está lá fora, e a gente nunca o consegue apanhar. Era bom que os media nos ajudassem na tarefa e fossem um exemplo de cidadania. 
Não é o caso. Que pena.
Boa noite, e boa sorte para todos nós. Ou, como a língua portuguesa alegremente permite, para a gente todos.